Nostalgia e Afins

Hoje senti o cheiro da infância. Quando voltava da faculdade para casa, olhei para um condomínio de prédios e passou um filme em minha cabeça. Passei boa parte da minha vida com bons amigos ali dentro daquele residencial; meu primeiro beijo, primeiros acordes, primeira... ok. Boas lembranças dali. Tudo aquilo me fez pensar e me inspirou, koisa que há muito tempo não tinha conseguido.

Quando se é criança as koisas tem cheiros diferentes, cores diferentes, texturas diferentes. Lembro que no condomínio, na época, sempre olhava o playground de uma forma totalmente diferente de hoje. Antes para mim todos aqueles brinquedos eram muito grandes e espaçosos, muito bonitos, cheiravam à diversão. Atualmente quando olho ele apenas vejo lembranças e nada de atrativo. Não somente pelo fato de eu ter crescido, porém minha falta de inocência prejudicou isso. Inocência era uma bela característica das crianças antigamente. Mas essa sensação de nostalgia, esse prazer de sentir a natureza do ambiente é muito bom. Até uns dois anos atrás, quando estava com raiva ou simplesmente não tinha o que fazer, ia para um ponto onde sempre ficava quando criança e observava. Observava o vento, as árvores, as mães com seus filhos, as formigas lutando contra a natureza para sobreviver. Observava a vida dali e me sentia calmo, com uma sensação de poder, uma sensação de que a partir dali eu poderia conseguir qualquer koisa. Meus maiores planos de vida foram traçados ali. Isso é bom. Isso era bom.


Sempre fui uma pessoa muito sociável, bonita, charmosa, irresistível e mentirosa. Desculpem, mas sempre faço essa piadinha cretina. Enfim, sempre fui uma pessoa sociável, com uma elevada inteligência inter e intrapessoal. Por essa razão sempre estive rodeado de grupos. Grupos de RPG, grupos de música, grupos de putarias, grupos disso, grupos daquilo, grupos mesclados, enfim grupos. Até hoje mantenho essa característica. E me lembro que um dos meus primeiros grupos fortes que participei foi uma “gang” no condomínio; tínhamos todos por volta de 12 anos talvez; nos dividíamos em duas facções: os cobras e os águias. Eu era do grupo Águia. Nos bolávamos estratégias de combate, “excursões” por toda a área do condomínio e etc. Foi um pouco violento admito, mas foi bom. Nessa época fiz amizades que considero importantíssimas para mim hoje em dia. Depois que cresci ainda aproveitei muito dali. Tomei muitos vinhos, cervejas, cachaças dentre outros. Vi o sol nascer várias vezes de lá. Passei horas e horas conversando com amigos e conhecidos ali. Bons momentos.


O condomínio tinha duas entradas e um delas dava bem em frente ao condomínio de casas, onde moro. Quando isso existia sempre andava por lá. Mais um dia tiveram a idéia de fechar aquela entrada para “valorizar” o ambiente. Sabe como é, é aquela koisa. Depois disso diminui brutalmente minhas visitas ao local, porque agora é bem mais perigoso entrar lá (andar alguns minutos por um local não muito amigável) e incômodo. Enfim, hoje me lembrei de muita koisa e apenas queria dividir com vocês esse sabor da infância que me dominou e me fez pensar. Não queria escrever nada com muita lógica, sentido ou tema certo. Apenas queria escrever. Mas tudo isso me lembrou uma questão que veio logo após esse transe. Uma questão sobre a natureza humana. Eu acredito, ou quero acreditar que nós somos bons por natureza, que tudo vai da certo, mas será? Não seria cruel a natureza do ser humano e foi apenas escondida em parâmetros socioculturais? Enfim, queria encerrar esse texto leve com uma alfinetada. Se quiserem deixar suas opiniões terei o prazer de ler, responder e publicar outro texto sobre o tema. Então é isso, no mais ok. Até a próxima.



“Love is the Law, Love under Will”

6 comentários:

é muito engraçado como tudo muda rápido quando já mudou, sabemos que foi rápido pelo simples fato de já ser passado.

a infância, nela se tem o real sentido da vida,pelo menos ao meu ver, e depois que estamos “crescidos”, agente quer voltar a viver como criança, para poder fugir dessa dura racionalidade e responsabilidade que vida nos pôs

Gostei muito! Serio mesmo!
parabens mais uma vez
abraços


Só pra divulgar
www.pensadel.blogspot.com

quinta-feira, 06 novembro, 2008  

Me diz só uma coisa, Que Pelo.
Como é que tu consegue, cara? Como é que tu consegue sempre me fazer ler teus textos duas vezes seguidas e pensar: "Porra, como é que ele consegue me deixar impressionada todas vez que escreve sobre ele?"
Eu não conheço, sinceramente, ninguém que se exponha tão bem quanto você. E se expõe se uma forma tão fiel que parece que não fica faltando nada.
Eu sempre tenho mais a dizer, você não. Você diz tudo da melhor forma possível, só pensa e escreve.
Pronto, acho que aí que tá. Eu leio aqui primeiro por "te ouvir" por muito tempo, coisa que a gente nunca faz lá no dragão ou em qualquer outro lugar, aqui é só você falando, sem nada pra interromper.
Segundo porque quando leio tenho a impressão de estar lendo uma folha de caderno, na qual as idéias vão sendo jogadas cruas como são pensadas. Por isso devo gostar tanto.
Fez todo sentido agora, pelo menos pra mim.
E sobre o texto (como você disse tudo) eu só tenho a acrescentar que gostei muito, do tema, da estrutura, de tudo, enfim.
E sobre a infância... Hum, só tenho a dizer que todos nós, ou quase todos, temos boas lembranças. “Eu era feliz e não sabia”. E essa saudade bate mesmo, crescer dói. E bom lembrar e saber que é quem é hoje também por causa de tudo que passou. Contudo, é sempre bom deixarmos a infância no passado. O hoje é bem melhor porque é agora.
Escrevi demais, ainda tenho que o dizer - pra variar -. Ficará pra próxima.
Beijo e ok.

domingo, 09 novembro, 2008  

Pior que é verdade!
Concordo com Adel, é na infância que reside o verdadeiro sentido da vida.

Incrível como não nos satisfazemos com nada.. quando somos crianças ficamos loucos pra crescer logo, pra sermos logo adultos.. já quando adultos sentimos uma falta imensa de quando erámos criança, de quando o sorvete era mais gostoso, as cores mais vivas, onde não havia preocupações (a nao ser bolar uma nova brincadeira ou que desculpa dar por ter quebrado algo enquanto brincava)... enfim, a vida era mais simples e doce e nem nos dávamos conta disso.

"Inocência era uma bela característica das crianças antigamente".
Bem colocado Marcel, ERA!
Hoje em dia não podemos falar mais isso, afinal as crianças de hoje perderam totalmente a inocência.
Se pararmos e analisarmos podemos até ousar dizer que infância mesmo foi a que tivemos. Onde realmente brincavamos, faziamos excursoes de guerrinhas como a que tu citou no texto, andavamos de bicicleta, tomavamos banho de chuva, entre outras tantas coisas...

Quando paramos pra lembrar bate realmente uma certa nostalgia!!
E digamos que esse texto despertou um pouco dessa nostagia que há muito estava guardada.

Já quanto ao final do texto, bem, também creio que sejamos essencialmete bons, porém a sociedade que,muitas vezes, faz aflorar nossa pior face, aquela mais vil.
Todos temos nosso ladinho moçinho e o lado meio vilão... essa dualidade é inerente ao ser humano!
Cabe a nós saber qual lado queremos seguir com mais frequência, sim, com mais frequência pois vez por outra estaremos do outro lado da margem que escolhemos.

Enfim... é a vida ne!

Bom ver que tu tá voltando a ativa aqui no blog.

Beijão moço

terça-feira, 11 novembro, 2008  

Pois é, essa parte de nostalgia é sempre bom e nos da inspiração.
Até a próxima

"Love is the law, love under will"

quarta-feira, 12 novembro, 2008  

Sim, mas, você tem certeza que nessa beleza toda, nesse oásis, você está falando do Ipanema...não creio...passei 14 anos lá, praticamente fui a primeira morada e não consegui extrair nada que prestasse....desculpa ser estraga prazer.....Beijos....Chirley

sábado, 20 dezembro, 2008  

Pois eh Chirley, é questão de ponto de vista e de momento pra mim foi legal
=)
ate
bjus

segunda-feira, 22 dezembro, 2008  

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